sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Vegas no tucupí

Vegas no tucupí

 No banheiro de uma ordinária casinha, não muito aconchegante, proxima ao mercado do Ver-o-peso, um velho enorme e gordo estava sentado no vaso arriando um barro escuro. Limpou-se, suspendeu a bermuda surrada e se pôs a olhar o quão era preto o barro arriado no fundo do vaso. "Ê açaí forte do caralho", pensou antes de puxar a descarga.
 Pegou o copo de uísque na pia e voltou  pra sala. Sentou na mofada poltrona. Silvio santos tagarelava na TV. Tirou as botinas que lhe apertava os dedos e beliscou a costela de uma pescada frita num prato em cima de um dos braços da poltrona. O gato estava sentado. Olhos vidrados no prato. Ele olhou ao redor. No chão. Levantou cada lado da bunda. "Cadê a porra do contole?". Odiava o Silvio e suas piadas com cédulas. "Prefiro a merda do Sulivan, apesar de ser um babaca fanfarão". Deu uma talagada no uísque e meteu o rabo do peixe na boca.

- Tu não vai pegar os pato, não?- gritou uma voz estridênte e envelhecida da cozinha.
Ele fez que não ouviu. Estava extremamente desgastado com aquele maldito ritual diário de matar patos para cozinhar no tucupí. Já odiava os patos. Odiava aquela vida de restaurante.
- Te levanta daí, homi. Para de bebê e vai matá os pato. Já tá ficando tarde e tem muita encomenda pra amanhã.- Reclamou a mulher aparecendo na frente do Silvio tagarelando piadas em cédulas.

Ele baixou a  cabeça e coçou as costeletas grisalhas. A careca estava vermelha e banhada de suor. Nem ousou olhar no rosto daquela mulher com um avental encardido e uma aparência encardida pelo tempo e pelo trabalho. Respirou fundo.
- Já vou. Tô terminando, aqui.
- Ah, tá. Como se isso terminasse algum dia.
- Relaxa, baby, eu...
- RELAXÁ? Eu tenho que dá conta de tudo nessa casa e no restaurante. E tu só fica bebendo e se entopindo de comida. Pra se levantá é a maior luta do mundo. 
Ele encheu o copo e afundou na poltrona. Ela se sentou na cadeira e continuou:
- Tu pensa que eu não sei que todo dia tu fica se martirizando pelo passado? Tu tá velho, homi. Já passou. Sei que me odeia por isso, mas eu não tenho culpa. Eu não te obriguei a forjar a própria morte pra vim pra cá torrá todo aquele dinheiro com besteira. Tu que dizia que tava cansado daquela merda toda.
Levantou-se e foi pra cozinha ver as panelas. Ele foi mijar. Na volta viu o controle. Mudou o canal. Caiu no fantástico. Um palhaço sorridente apresentava o novo clip do Zezé di Camargo e Luciano com um cantor estrangeiro. Era um velho camado Willie Nelson. Cantavam Always On My Mind. Era o fim da picada pra ele.
- Vamo, homi, tá ficando tarde!- gritou a mulher cortando as verduras.- Não vai dormir de novo com o copo na mão.
Acendeu um cigarro e começou a mexer o tucupí que começava a ferver no tacho. Pegou um copo d'água que não chegou a beber, pois o largara no ar de um supetão devido ao estampido que veio da sala. correu para ver o que era.
- PELAMORDEDEUS, o que foi isso, Elvis?
O velho havia dado um tiro na televisão. Estava ali, sentado, rindo serenamente com o copo de uísque numa mão, na outra um imenso revolver cromado soprando um resto de fumaça pelo cano.
- Preciso voltar pra Vegas- balbuciou com a cabeça da pescada na boca.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Noite rara

Noite rara

Chovendo na noite. Calçada do Claus. Louis Armstrong canta. Trompete rasgando suave. Josélio quieto. Sóbrio. Curioso! Sem mais ninguém no Claus. Eu e minha bela. Natália. O jazz cortando os chuviscos. Uno vermelho no baixo da ladeira. Parado. Sozinho. Frio devorando a atmosfera fresca. Cerveja trincando os dentes. Armstrong descansa o trovão da garganta. Silêncio contempla serenando.

Clarineta deslizando no asfalto brilhoso. Minha bela e eu. Minha camisa em seus ombros eriçados. Meus ossos em ritmo bebop. Ela ri. Josélio quieto. Sóbrio. Curioso! Cerveja trincando a testa. Uno vermelho sozinho. Com frio. O trovão de Armstrong ainda descansa. Trompete sensual ecoa garoando. Lembranças sutis. Antigos natais. Goteiras luzentes. Finos pingos nas telhas. Clareando-as o grude. Cor de bosta-serenata.

Josélio bebe. Conversa sentado. Quieto. Curioso! Ninguém no Claus. Só o asfalto brilhoso. Amarelado de luz. Reflexo dos postes. Fileiras brilhantes. Dobrando. Sumindo na curva do escuro. Só eu e minha bela. Chuviscos luzentes. Armstrong rosnando. Goteira escorrendo. Cerveja trincando. Piano comendo. Uno vermelho partindo. Calçada esfriando. Vento batendo. Sono chegando. Armstrong rasgando. Josélio tremendo. Piano apertando. Chuva chovendo. Ninguém está vendo. Natália chamando...

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Por aqui e por acolá


Por aqui e por acolá


Por aqui e pelos  acolás há uma mídia adoecida. Já é até meio velha e, ainda sim, adoecida.

 Por aqui a mídia é amputada pelo capricho dos montantes de grana “polida” que outrora estavam “imundos” de suor servil. 

Por aqui ela dita a música que convém à ignorância, constrói a embriaguês fantasiosa. Monta, formata, “renova”, tempera as roupagens e re-roupagens para empurrá-las goela a baixo. Esse círculo vicioso viciado pelo gostoso capricho avarento é ingerido à força sempre.  

A mídia, por aqui, engorda enchendo a linguiça dos nossos olhos, dos nossos ouvidos, dos nossos dias. 

Por aqui, ela habita um tipo de leito infantil cheio de fedentina ornada em pedrarias luzentes de um conto de faz-de-conta gerado por algum esgoto que escorreu de alguma privada craniana.

A mídia, por aqui, está em um processo de engorda ininterrupto.  Preenchendo com peido o vazio da tripa do esclarecimento.

Por aqui, ela continua amputada. E não admite pernas mecânicas para corre na velocidade do esclarecimento. Uma máquina da idade das trevas prostituida pela burrice fabricada.

A mídia, por aqui, espalita os dentes, deitada numa rede encardida na varanda rústica da mesmice, mostrando os dentes podres para varejeiras esverdeadas. Aqui a mídia é tão obesa quanto as dos acolás.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Holly Holly Holly wood wood wood!

Holly Holly Holly wood wood wood!

Aposto que, antes do trigésimo terceiro mineiro chileno ser resgatado naquela cápsula claustrofóbica, algum robô de hollywood já havia terminado um roteiro sobre esse acidente e sua repercução. Alguém duvida? Posso até visualizar, mais ou menos, toda a mega-produção megalomilhonária.
O acidente ocorre em algum deserto dos States; pode ser no Arizona ou nos cambau. Não importa. Hollywood pode fazer ter ouro em qualquer deserto, assim como pode fazer ter armas de destruição em massa no Iraque. Hollywood é fodona, mesmo. O cenário da mina soterrada iria ter como ornamento latas de cerveja, uma bandeirinha dos States pregada na parede rochosa ao lado de um calendário contendo a foto de alguma vadia siliconada do mês. Elenco pra esse tipo de história tem de sobra. Por exemplo: Nicolas Cage. Não cairia bem como o lider dos mineiros? Com aquela cara de pastel, já meio coroão, paciente e, às vezes seguro de si? Eu pensaria, também, no Morgan Frígiman, mas o cara já é um ancião. Deixa ele conduzindo a pequena miss Daisy. Ben Affleck teria que estar como um dos caras fortes que  se espelha no líder pastel e sempre puxa do bolso a manjada foto de esposa e  filhinha loiras com um cachorro peludo chamado spike. Sorridentes, claro, no cercadinho branco da doce casa amarela. Que lindo. Acho que peguei um diabetes, agora.
Tem que ter uns negros, também, né? se não fica foda pra produção. E no meio desses quadojuvantes negros que também fazem bico em clip's de hip-hop e seriados de comédias sobre o cotidiano dos manos, o líder ficaria à cargo  de Cuba Gooding Jr. Ele seria o cara rebelde que não concorda com o cara-de-pastel e sempre procura um jeito de assumir a liderança total. Essas produções sempre põem algum negro representando isso em situações de desespero onde cinco ou mais pessoas estão confinadas em algum filme de suspense. Que merda, não?


As tomadas sempre iriam ficar alternando entre os mineiros, suas esposas sexys às lágrimas, repórteres asiáticas em meio a helicópteros, furgões, bandeiras dos States, câmeras, generais parrudos com seus charutos fedorentos,  bombeiros empenhados num deserto qualquer dos States, mais bandeiras dos States e, é claro, a toda-poderosa Casa Branca com suas mentes brilhantes tentando resolver o caso enquanto procuram abafar os fatos. Em vão, é claro. A merda sempre se espalha no ventilador. E por falar em Casa Branca, não poderia deixar de faltar o todo-poderoso presidente dos States. E em momento oportuno, o papel ficaria com o maluco do pedaço: Will Smith como Barack Alabama. Aí já viu, né? Ele todo elegante descendo de um helicóptero das Forças Armadas dos States, com uma jaqueta militar fazendo um discurso meloso sobre "Coragem, heroísmo, Deus abençoe a América e bla  bla bla...", ao som de uma  melada trilha chorosa e sendo visto por milhares de pessoas no mundo. Em suas casas, bares, barbearias, etc, etc, etc... e tal.


sábado, 9 de outubro de 2010

À propósito do peido que a doida deu

À proposito do peido que a doida deu

Estava-mos no mustang, Mayra sorridente, Poly, um doce de pessoa, Natália a minha bela, Iuri Petrus o pederasta e eu, eu mesmo. Tomava-mos umas e outras vendo o Flamengo ganhar uma finalmente. Curiosamente, a cerveja do bar acabou exatamente no apitar final do árbitro da fatídica partida contra o Atlético Caipirense. Que merda! “Vamo pro Claudeci!?”, solucionou Mayra. “Lá num tem cerveja, não.”, Adiantou Poly, “Eu fui lá mais cedo e tava tudo quente, naquela porra!” Que merda! “Mas, ta aberto lá. Eu vi inda gorinha.”, rebateu a sorridente. “Intão o povo lá ta bebendo cerveja quente até agora. Vamo logo. Já deu tempo de gelá.”, Agoniou, o nosso amor de pessoa. Tocamos pra lá.

Chegando lá introduzi logo meu pênis drive no USB do Claudeci. Os primeiros albuns do The Cure. Caíram as tampas e as conversas. Natália, a minha bela, juntamente com a sorridente adentrou a cozinha a providenciar algum tira-gosto. Tomate e cebola picados com arisco, eu acho, limão e água. Era o que tinha disponível. Parecia lavagem de porco, mas tava até bom.

Acho que as conversas só vieram a ficar interessantes quando Petrus relatou acerca de uma caganeira resultante de um velho X-tudo. Era uma daquelas que o fazia mijar pela bunda. A todo momento tinha que despejar as jatos podres no banheiro do posto onde trabalha. Em determinado momento dessa triste labuta, Petros, o pederesta, suado e sentado no vazo achou que não tinha mais o que rejeitar de seu corpo já vermelho. Levantou-se pra suspender as calças quando, involuntáriamente, despejou uma longa rajada de sopa de merda acertando a parede do banheiro. Agoniado, usou o pé como rodo a puxar a gororoba amarelada que tendia a se espalhar pra debaixo da porta. Enfim, cesou. Todo o posto ficou empesteado.

Conversamos sobre situações constrangedoras como quando sentimos uma incontrolável vontade de cagar em locais indesejados como na casa alheia. É foda quando a cagada é seguida de uma trilha sonora composta por uma por seqüência de peidos letais. Soltamos vagarosamente a bosta comprimindo cuidadosamente as pregas do diafrágma bogal, afim de não estralar uma bufa sonora e decrescente como o motor estridente de uma Agrale velha.

Nesse ponto da conversa sobre flatulências descontroladas lembrei de um fato curioso. "Alguém já viu uma buceta peidá?",  perguntei pra mesa. "já", responderam todos. "É engraçado. Os beiço dela fica tremendo enquanto suspira.", Mayra se pôs à sorrir concordando. "será que é por causa da pressão deixada pelas metidas do pau?", perguntei. "É não, porque eu já vi ela peidá e eu num tenho pau!", adiantou Poly. "E eu acho é lindo quando isso acontece. " E sai um mau cheiro de lá.", ressaltou petrus. "Bafo de priquito.", lembrei. "Quando agente chupa buceta e ela peida, agente fica arrotando buceta até uma zora. É massa, hahaha...", afirmei. ".

Fui mijar. Quando voltei, o assunto já era cú. Cú depilado e cú cabeludo. Caralho, cabeludo não rola. Nem cú nem xoxota. "Eu não raspo o meu.", afirmou, a sorridente. "Teu cú é cabiludo?", perguntei com asno sarcástico. "É natural, num pode não?"."E o cabelo ajuda na penetração, sabia?", exlplicou, Poly. "É o quê, rapá?", peguntei surpreso.  "Por mim pode tá do jeito que tivé. Eu caio é de boca, mermo. Se a floresta tivé muito alta eu desbravo. O negócio é chegá lá.", Defendeu Poly, uma exímia chupadeira de buceta como eu. "Só sei que eu gosto é tudo raspadin igual um toicin.", falei lambendo os dedos. "Mas, tem mulhé que não cresce pelos no cú. A minha mãe, por exemplo, quase não tem pelos nas pernas. Nunca precisou se depilar." disse o pederasta Petrus. "Qué dizer, então, que fica subtendido que tua mãe tem o butão raspado por natureza?", perguntei. "Meu Deus, só tem doênte, aqui", lamentou a Poly com a mão na cabeça.   

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Nota de falecimento temporário

Nota de falecimento temporário


Minha imensa aldeiota está de luto. Ela ganhou. Como? Todos sabem. Fazendo algumas compras de última hora. Cédulas envoltas em documentos, corrompendo a ingenuidade de nessecitados. Nessecitados que sempre tiveram como heroi o homem que simbolizava a esperança dos trabalhadores, mas que dessa vez, pediu voto pra ela todos os dias em todos os canais. E sem cortes de edição, desta vez. Grande jogada, não? Usar a imagem da esperança dos ignorântes, outrora inimiga, para ganhar mais quatro anos de oases surtido.
Ora. Não tem como competir com a filha do dono do feldo. Houve uma carreata nesta madrugada. Quem não conseguiu dormir pela idguinação ouviu e viu a horda de bobos da côrte. Muitos foguetes rancando o sono dos que conseguiram dormir. Comemoravam a "soberania" dela. Que tipo de gente promove uma carreata na calada da noite? Era o arrastão do 15. "Arrastão". Escolheram bem a palavra pra expressar toda a côrte.
Ela ganhou. Dá pra acreditar? De quantos analfabetos ela precisou? Até quando ela permitirá que eles continuem analfabetos? De quantos anos mais suas ventosas insaciáveis precisam? Quantas cirurgias serão precisas para deixá-la parasitando?
Nossa imensa aldeiota está de luto. Ela ganhou. Mas nós que somos aves de arribaçã não vamos deixar nossos corações perderem a luz. Não, não vamos deixar nossos corações perderem a luz.