sábado, 13 de novembro de 2010

Unidos da Praça União

Unidos da Praça União

Depois do último e definitivo ensaio naquela manhã quente, todos estavam tomados por uma euforia embriagante. A Praça União nunca era a mesma no período de carnaval. Lambau, já suando o couro da testa, a toda hora trotava a passos largos da quadra da praça ao balcãozinho do Pêxe pôde com uma agonia assolando o juízo. Ê Lourival bota dois dedin de casca de laranja que minha flora intestinal sofreu um pequeno inchaço, disse dando três tapinhas no bucho de mampará. Na verdade ele estava preocupado com um possível erro do Josélio, o mestre-sala e Gracinha, a porta-bandeira, já que estes estavam entornando desde cedo.

Josélio não parava de abordar um à um ali presente perguntando se o sistema estava on line  ou off line. Era como uma formiga que vem no sentido contrário da fileira de formigas que vão trabalhando. Quicava incansavelmente com seu piseiro agoniado entre assovios e gemidos etílicos. Gracinha, nossa gloriosa porta-bandeira, abanava a quentura com um pedaço de papelão enquanto esfriava o fato com cerveja no balcãozinho do Lourival, degustando Alcione com carne de sol e farinha de puba. Chico do teatro a acompanhava em cerveja separada no seu sistema bico seco.

Porra, cadê o Miltão pra organizá o pessoal da bateria? Gritou o Lambas, precisando de mais dois dedinhos de casca de laranja. Nunca se via tanto menino fazendo zoada na praça, com confetes e papel mache. D’onde diabo sai tanto minino? Moooço, é o cão, mermo. Num tem diabo no mundo que dê conta de minino, resmunga Cosme empurrando uma dose de imbiriba e tirando o gosto com um Derby prata. Raimundo Abílio, o pêxe pôde pai, assava lingüiça e bisteca para os curiozeiros e jogadores de baralho que acumulavam latinhas de cerveja debaixo dos pés de manga e amêndoa. Cigarro, cigarro, cigarro, metralha Magal em todos os cantos da algazarra. Robério tomava vinho com o Maciel, o rei mômo, enquanto escovava seu velho traje de gala. 

A simpatia da grande Edinalva estava meio ofuscada por ter trazido tambaqui cozido numa panela para o seu Xexéu que se vangloriava bêbado com um enorme chapéu fedido para as menininhas por ter feito a letra do samba da escola. Ó quí, minhas lindas, fui eu quem compus essa obra de arte sobre os pescadores e o nosso farto Tocantins, dizia quase esfregando a barba enferrujada no rosto delas. E fui eu quem botô a melodia e vô puxá o samba, colocou o Boca de mel chegando por traz com a cara mais limpa tentando impor um galanteio mais ordinário ainda.

Umbora, minha gente, regia o mestre de bateria Miltão com os braços abetos em y e uma jinga bem malandra importada da lapa . A batida ecoava organizada com Camalião, Foba, Ivaldo cabecinha e os demais. Todos animadinhos com a mais nova madrinha da bateria, a estonteante Neta. Claudeci filava junto com  James, na surdina, o tambaqui cuzido da Edinalva. O finado Frederico abosava o Zé Alano  que dançava desconcertante, abraçado com seu buchão imponente.

Enquanto o Benzão, bem emputecido, era obrigado a ajudar a Jôsy com as fantasias, Lambau já encarcava de copo cheio a casca de laranja. Porra, Nenê, tu num foi atraz da Didi, não? Tô precisando dela. O Pedro Mário vai tá no júri e tu sabe que ele é nojento pra essas coisa, soltou o Lambas com perfume de casca de laranja embebedada. Peraí, doido, respondeu Nenê indo descarregar no mictório. O ânimo da mulecada ia se tornando morno, anunciando o sol baixo adentrando a boca da noite. O desfile estava próximo. A Praça Tiradentes já começava a lotar de  foliões.













7 comentários:

  1. Só faltou o mendigo amigão da telas branca gritando "Jocée... traz cefechi, so sou amigo."

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  2. O mendigo não faz parte dessa escola. Até pq ele é recente no recinto.

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  3. Vou cobrar direitos autorais pra mim e pro Renan!!!

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  4. Powww, mas esse Claudete ta no meio de todas!!! Oh tio Vadio!!! kkkkkkkkkkk...E a trupe toda atrás...hahaha!

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  5. Eu achei a postagem bagunçada igual carnaval, foi esse o propósito?

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  6. Pô, Di Petrus. tô sem grana pra pagar processos. Mas, uma idéia só na cabeça é algo morto.
    Ah, Ju. O Claus entrou nesso por sentir o cheiro do tambaqui.
    Ê, Emílio. Até que enfim tu fez um comentário pequeno.
    Ah, sim. se não fosse bagunçado não seria carnaval. Aquele abraço.

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  7. kkkkkkkkkkkkkkk... só louco... eu queria tá no meio dessa bagaça ó... rsrsrsrsrsr

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