quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Marginólia


Marginólia

O menino criava formigas num aquário cujo tamanduá do menino vizinho deixou dizimado. Já bem gordinho, o tamanduá do menino foi bem cozido pelo velho ao lado e seu gato rajado. Num grande vacilo, o peludo bichano foi abocanhado pelo ódio afiado do cão de um fulano. Virado o zetélo de tão revoltado, pegou um cutelo, o velho do gato, lapeou o fulano o deixando estirado. E ainda a vingar o felino parente, o velho sem dente comeu o finado. O pai do menino a chorar no aquário prendeu o velhinho a viver sedentário. Por ser um "puliça" de bom cidadão, algemou os caniços do pobre ancião. Sem saber os vizinhos de sua meta a alcançar, matou o pai do menino a sofrer pelo tamanduá. Alegou que é ilegal ter criaturas esfomeadas que saem por aí comendo formigas importadas. E de quebra, tomou o órfão sofrido, comendo a sua esposa e alimentando o novo filho. A viúva, agora, com um "consolo" inédito, sorrir para o vento a comer seu cartão de crédito.

3 comentários:

  1. Lembrou-me um xote com todas as suas marcas caricaturescas... muito bom.

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  2. Mais uma vez, parabéns, cara! Um ótimo texto! Leve e ao mesmo tempo acelerado. Bem pausado e ritmado ao realizar o mais difícil de tudo em uma escrita: explicar uma longa história cheia de eventos com poucas palavras. Parabéns mesmo, velho!

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