quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Um pouco de gosto posto

Um pouco de gosto posto


Vem Noel em prosa, poesia rosa, onde sempre oscila, de cartola, na aurora da vila. No chiado d'um radio tão arcaico, Adoniran vem pintar samba em um quadro barbosáico. Vinícios e nove amores imortais, ganhos por nove poetadas nada morais. Num novo esquema não há ninguém como Jorge em um samba batido em ben-ben. Não há João que fale, proseando um sofrer, como aquele lá do vale.  Chico boarquiando a justa forma da ciranda que embala os encantos de Hiolanda.
Não há Elis que me alucina qual pimenta ardida em Regina. Gilberto, o Gil, mastigando chiclete, comendo banana, batucando com jazz a peneira do tio samba. Eis Caetano de afino penoso cortando um trio em cortejo veloso. Bethânia, de espantosa magia, deixando de ser só mais uma Maria. Gal com o veludo de sua boca aqui posta no rijo louco de minha gélida costa.
Mas, loucos são os não amantes da cabeça de Lúcifer na bandeja dos Mutantes. Um clube cujo a fonte me anima, transportando-me em azul para um ponto na esquina. Minha Nunes tão clara, chacoalhando a canela com destreza bem rara. "Amor, meu grande amor", na hora marcada me grita com honor Ângela Ro Ro. Um Maia, que não é do Eça, e sim marginal, provocando um tim-boom do leme ao pontal. O pluft, pluft, pluft de mira certeira do ferro de Moraes na boneca do Moreira.

...e ainda é bem pouco esse pouco gosto, aqui, posto.

3 comentários:

  1. És um veterano, em verso e prosa... fonte cultural das suburbanas e clássicas boemias. És o Mestre Marginal. Perfeito.

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  2. Que nada. Sabe de uma coisa, tô com preguiça de escrever. Vou dá um tempo nessa merda. Inté!

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  3. Para não rapaz. Adorei esse texto poético. Vá em frente.
    Ed Wilson

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